Quarta-Feira, 26 de novembro de 2024
Justiça no Interior

SANTA MARIA DA VITÓRIA: Diretoria da OAB toma para o triênio 2022-2024

Foto: Angelino de Jesus/OAB-BA

A Diretoria da OAB-subseção de Santa Maria da Vitória tomou posse para o triênio 2022-2024, na quarta-feira, 23. A nova diretoria da Ordem é presidida por Antônio Magalhães Lisboa Filho e composta pelo vice-presidente, Alex Tyago Moreira Queiroz, pela secretária-geral, Soraya Teles, pela secretária adjunta, Maria Auxiliadora da Rocha e pelo tesoureiro, Terêncio Cavalcante Tonha.

Em seu discurso, o presidente, Antonio Lisboa, ressaltou a importância e o exemplo de força que a sua mãe, aos 89 anos, é para ele seguir defendendo a advocacia. Lembrando versos de Vinicius de Moraes, Lisboa destacou que a vida é a arte do encontro. “Eu tenho a gratidão de ter encontrado vocês. Eu tenho a gratidão de ter nascido de quem eu nasci. Eu tenho a gratidão de ser advogado, de ser santa-mariense e de ter iniciado a minha vida profissional aqui”.

Dirigindo a cerimônia, a presidente da OAB-BA, Daniela Borges, afirmou que a presença de representantes da Diretoria da Seccional na posse reafirma o compromisso com os gestores que tomam posse e com a advocacia de Santa Maria da Vitória e toda a região. “Estamos juntos para o que der e vier nas alegrias e nas tristezas”, disse Daniela Borges.

A presidente da seccional expressou a sua alegria em saber que todas as comarcas da Subseção estão preenchidas com magistrados. “Temos muito o que comemorar porque, infelizmente, essa não é a realidade do nosso estado. Temos muitas comarcas ainda sem magistrados e por isso temos também muitos desafios”, afirmou.

As informações são da OAB-BA

Policial transexual exonerada da PM-BA luta na justiça para ser readmitida

Foto: Marina Silva/Correio

Natural de Guanambi, região sudoeste do estado, a ex-PM de 39 anos, Jane Oliveira, nunca sonhou em ser policial. Porém o benefício de uma vida estável atraiu Jane, na época estudante de Educação Física na Universidade do Estado da Bahia (UNEB), para ser concurseira da PMBA.

Jane conta à reportagem publicada na terça-feira, 22, no Jornal Correio, que desde os primeiros anos como policial já recebia apelidos pejorativos, mas que pioraram com a chegada de um novo colega e com o início da sua transição de gênero.

O colega a quem Jane se refere, a assediava moral e sexualmente. Chegava a tocar nos seios dela e, sempre que fazia isso, dizia: “Deixa eu ver os peitinhos dessa menina”. O assédio tinha outras formas e Jane denunciou a situação a superiores. Após as queixas, ela passava períodos longe do policial, mas a mudança não era definitiva e os problemas seguiam.

O conflito que iniciou todo o processo de demissão de Jane, ocorreu em uma madrugada em que Jane estava bebendo e por isso não se lembra dos detalhes, mas segundo ela, saiu do bar presa por “desacato ao superior hierárquico”.

Na queixa apresentada à 17ª Companhia de Polícia Militar, o então cabo acusa a colega, abaixo no nível hierárquico, de ofendê-lo. Jane, no dia da prisão e todas as vezes em que foi questionada, afirmou  que ele a perseguia. A confusão gerou um Processo Administrativo Disciplinar (DAP) contra Jane.

O artigo número 298 do Código Penal Militar (CPM) define que desacatar e ofender a “dignidade e o decoro” de um superior é crime passível de reclusão de até quatro anos. A pena é agravada se o superior é oficial general ou comandante da unidade.

Jane esperou o resultado do processo em atividade e esperava que a penalidade, se existisse, fosse mais branda. O resultado, em março de 2018, mostrou o contrário: a partir dali ela não fazia mais parte da PM. “Caiu o meu chão, minha vida virou”, conta Jane, aos prantos.

A demissão da então policial foi amparada no Artigo 57 do CPM, por “insubordinação ou desrespeito grave contra o superior”. Quatro meses depois da demissão de Jane, o colega que ela acusa de assédio foi promovido a sargento. A PM não respondeu a quantidade de policiais demitidos por insubordinação ou desrespeito ao superior.

“Não é comum um policial ser demitido pela razão que Jane foi. Em nenhum momento o processo [administrativo] fala do gênero de Jane, é um preconceito travestido de desrespeito ao superior hierárquico. Ela é pioneira, é a primeira [mulher transexual na PM da Bahia] que se tenha registro público”, afirma Dinoermeson Nascimento, advogado de Jane.

Depois da demissão, Jane nunca encontrou um trabalho fixo e, por medo, não falava publicamente sobre os assédios e a transfobia sofridos. “A PM é vingativa”, justifica a ex-policial. Em Guanambi, Jane passou a trabalhar como diarista e voltou para casa dos pais, pois não conseguia bancar uma residência.

Jane acredita que sua briga não é só por ela, mas por todas que virão depois dela e também por mulheres que passam e passaram pelo que ela passou. “Não posso mais me calar”, ela diz. Aos poucos, em Salvador, a ex-PM se adapta a uma nova rotina. Na maior parte do tempo, estuda – ela quer passar num concurso público.
Do dia em que foi exonerada até hoje, Jane espera por uma decisão judicial favorável para retornar ao trabalho que nunca veio.

As informações são do Jornal Correio

EUCLIDES DA CUNHA: “TRE em todo lugar” realiza inscrição eleitoral na cidade

Foto: TRE-BA/Reprodução

O Tribunal Regional Eleitoral da Bahia (TRE-BA) oferta nesta quinta e sexta-feira, 24 e 25, os serviços do “TRE em todo lugar”, na cidade de Euclides da Cunha. O projeto tem o objetivo facilitar o alistamento eleitoral e a regularização de títulos na localidade. Segundo dados do TRE-BA, atualmente, 8.973 eleitores estão com os títulos cancelados no município.

Confira o local e os horários de atendimento:

Local: Colégio Modelo Joaquim Silva Dantas, Rua Teago Ferreira Carvalho – Centro

  • 24/3: das 14h às 19h
  • 25/3: das 8h às 16h

O “TRE em Todo Lugar” é resultado de parceria entre o TRE baiano e a Federação das Indústrias da Bahia (Fieb), o projeto leva atendimento eleitoral em caminhões adaptados para atender especialmente o público que não tem acesso à internet. Cada veículo tem quatro atendentes do TRE-BA, mais um supervisor e um servidor da área de tecnologia da informação.

As informações são do TRE-BA

OAB-BA emite nota de solidariedade aos advogados Jacson Cupertino e Reinaldo Weber

Foto: Divulgação

Por: Justiça no Interior 

A Ordem dos Advogados do Brasil- Seccional da Bahia e o Colégio de Presidentes de Subseções, advogadas e advogados com mandato no triênio 2022-2024, emitiu nesta quarta-feira, 23, uma nota de solidariedade aos advogados Jacson Santos Cupertino, presidente da OAB de Ilhéus e Reinaldo Weber, presidente da Comissão de Direitos Humanos da mesma Subseção, em razão da abordagem policial truculenta, que eles teriam sofrido na última sexta-feira, 18.

O caso foi noticiado ontem, em primeira mão, pelo Justiça no Interior. Segundo Cupertino, ele e Reinaldo estavam indo de Itapetinga para Ilhéus, quando foram parados em blitz PM Tático Ostensivo Rodoviário. “Ordenaram o desembarque do veículo com as mãos na nuca, de forma que pudessem ver. Ao desembarcar do veículo, indaguei aos policiais se não iria verificar nossa documentação antes e estes, ao berros, nos mandaram calar a boca. Estranhei aquela abordagem com 4 fuzis apontados em nossas direções, mas logo percebi que era uma abordagem a dois homens negros“.

Na nota, assinada pela Presidente da OAB-BA e por todos os 36 presidentes de subseções, a seccional destaca que “o fato, ocorrido poucos dias antes do Dia Internacional contra a Discriminação Racial (21 de março), refletiu mais uma cena lamentável que materializa o racismo estrutural, fazendo das pessoas negras alvos prioritários das ações policiais, violando seus direitos e cidadania”.

CONFIRA A NOTA COMPLETA

VITÓRIA DA CONQUISTA: Audiência pública discute implementação da 2ª Vara de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher

Foto: Reprodução/OAB-Conquista

Por: Justiça no Interior

A Ordem dos Advogados do Brasil – subseção de Vitória da Conquista realiza nesta quinta-feira, 24, às 16h, uma audiência pública para discutir a implementação da 2ª Vara de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher na Comarca. O evento vai acontecer na sede da Ordem, rua Rotary Clube, número 103, centro de Vitória da Conquista.

Em entrevista ao Justiça no Interior, a presidente da OAB-Conquista, Luciana Silva, disse que a demanda da 2° Vara surgiu da juíza titular da Comarca e a Ordem está apoiando. “O pleito da 2° Vara de Violência Doméstica na cidade de Vitória da Conquista é recente. Começou  quando a própria Vara observa o grande número de feitos que tem recebido, o que demonstra que a violência doméstica e familiar contra mulher na cidade, infelizmente, é muito alta. A própria juíza da Vara, Dra. Julliane Nogueira, requereu ao TJBA a implementação da 2° Vara e a OAB está reforçando esse pedido”.

A audiência é gratuita, mas as inscrições devem ser feitas no site, www.oabconquista.com.br/eventos. De acordo com a Ordem, entre os participantes confirmados estão: A presidente da OAB-Conquista, Luciana Silva, a Juíza de Direito da Vara da Violência Doméstica e Familiar Contra a Mulher, Julianne Nogueira, a Delegada titular da DEAM, Gabriela Garrido, o Promotor de Justiça titular da 15ª Promotoria de Justiça, Rogério Bara, a Defensora Pública titular da 13ª DP, Flávia Cristina Araújo e a Presidente do Conselho Municipal da Mulher, Maria Otília Soares.

“É muito importante tanto a OAB, como a sociedade civil, reforçarem esse pleito da implementação da 2° Vara, que já foi feito por Dra. Julianne Nogueira. Quanto mais forças se unirem em favor desse pedido, acreditamos que ele será atendido pelo TJBA em um tempo razoável”, finaliza Luciana Silva, convidando a população a participar da audiência.

SANTA INÊS: Unidade Móvel da DPE-BA vai realizar atendimentos na cidade

Foto: Reprodução/DPE-BA

Nesta quinta-feira, 24 e na sexta-feira, 25, a Unidade Móvel de Atendimento da Defensoria Pública da Bahia estará realizando atendimento à população de Santa Inês.  Com a retomada das itinerâncias, a DPE/BA dá continuidade à atuação conjunta com a Defensoria Pública da União (DPU) para atender às famílias afetadas pelas fortes chuvas que atingiram o estado durante o mês de dezembro de 2021.

Além dos serviços habituais oferecidos pela Unidade Móvel, como a realização dos exames de DNA, orientações jurídicas e realização de acordos (guarda, alimentos, divórcio, direito de convivência, etc.), a DPE/BA vai direcionar o atendimento às demandas provenientes dos impactos das chuvas, como encaminhamentos para segunda via de documentos e casos de risco à saúde. A DPU, por sua vez, vai atender demandas de saque de FGTS por situação de calamidade pública, benefícios assistenciais (BPC/LOAS e auxílio emergencial) e benefícios previdenciários (auxílio-doença, aposentadoria, entre outros).

Para o defensor público geral, Rafson Ximenes, a atuação itinerante da Defensoria é uma forma de divulgar os serviços da instituição e conhecer as demandas da população baiana. “Desse modo, conseguimos chegar nas pessoas que são mais vulnerabilizadas e têm dificuldade de acesso aos seus direitos. Isso fortalece não só a Defensoria como a cidadania do povo baiano”, avalia.

Os atendimentos da Unidade serão realizados na Praça Araújo Pinho e vão acontecer por demanda espontânea, não sendo necessário realizar qualquer tipo de agendamento prévio. Salvo os casos de atendimento relacionados a encaminhamento para segunda via de documentos,  é necessário apresentar RG, CPF e comprovante de residência. Também é recomendável que o assistido apresente os documentos relacionados à demanda específica para a qual busca atendimento.

Com informações do DPE-BA

SANTA RITA DE CÁSSIA: TJBA nega recurso e mantém sem data provas de concurso público

Foto: Reprodução/JCCONCURSOS

Em decisão publicada na terça-feira, 22, o desembargador Aldenilson Barbosa dos Santos do Tribunal de Justiça da Bahia (TJBA) negou recurso impetrado pela prefeitura de Santa Rita de Cássia, no Oeste baiano, em relação a um concurso público. Pela medida, a prefeitura ainda não pode aplicar nem reagendar a data das provas do certame. Em caso de desobediência, a multa fixada foi de R$ 100 mil.

Ainda no primeiro ano da pandemia da Covid-19, a gestão tinha marcado os exames para os dias 29 de novembro e 13 de dezembro de 2020, mas o Ministério Público do Estado da Bahia questionou a data, por risco de propagação da Covid-19.

As informações são do Bahia Notícias

ALAGOINHAS: Trabalhador com câncer será indenizado em R$ 20 mil por dispensa discriminatória

Foto: Reprodução

Um trabalhador da Engecom Engenharia e Comércio Ltda., que estava acometido por um câncer (neoplasia maligna epitelioide metastática) e com gastrite, será indenizado em R$ 20 mil por danos morais. A decisão é da 2ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 5ª Região (TRT-5-BA), que entendeu que a dispensa foi discriminatória por causa da doença grave.

O empregado foi contratado para atuar em uma obra da região da malha ferroviária Bahia/Minas, nas proximidades de Alagoinhas/BA. De acordo com a empresa, o trabalhador foi dispensado por um processo contínuo de desmobilização da equipe. Para o reclamante, tratou-se de uma dispensa discriminatória, uma vez que ele havia feito uma cirurgia e apresentado atestados médicos ao empregador. Em sua versão, alega ter ido até o RH da empresa, onde falou que estava com suspeita de câncer, e a resposta recebida foi a de que a empresa “não tinha mais nada a ver com ele”.

O empregado ajuizou então uma ação na Justiça do Trabalho pedindo o restabelecimento do plano de saúde, o que foi deferido em tutela de urgência pela juíza da Vara do Trabalho de Alagoinhas, a sua readmissão – sendo declarada a nulidade da resilição contratual, e a reintegração em sentença. Entretanto, para a magistrada de 1º Grau, o pedido de indenização por danos morais era improcedente por não existir má-fé patronal.

Visão diferente teve a relatora do recurso, desembargadora Ana Paola Diniz. Para a magistrada, tanto a Constituição Federal, quanto a lei 9.029/95 protegem o trabalhador contra a discriminação. Para a desembargadora não é essencial que a doença seja estigmatizante, no sentido de causar repulsa ou medo de contágio: “A discriminação advém do descarte do homem porque a sua condição de saúde o torna desinteressante aos propósitos de produção máxima (…) Sendo o câncer uma doença grave, vislumbra-se discriminação porque suscita preconceito, no sentido de concepção antecipada de que as limitações físicas do trabalhador poderão, ainda que por um período de tempo, comprometer o ritmo de trabalho ou determinar uma reestruturação do processo produtivo, medidas que tendem a ser evitadas por organismos empresariais focados no máximo desempenho pessoal do obreiro”.

“É tempo de superar o preconceito como ato hostil, de animosidade explícita, aparece velado, sutil, pelo desprezo ao homem simplesmente porque está doente”, concluiu a juíza, que foi acompanhada pelo desembargador Esequias de Oliveira e pela juíza convocada Viviane Leite, que compõem a 2ª Turma. Cabe recurso da decisão. Processo nº: 0000781-45.2018.5.05.0222. 

As informações são do Tribunal Regional do Trabalho da 5ª Região

Polícia Civil inaugura Coordenação de Crimes de Intolerância

Foto: Divulgação/PC

A Polícia Civil da Bahia inaugurou, na segunda-feira, 21, a Coordenação Especializada de Repressão aos Crimes de Intolerância e Discriminação (Coercid). A coordenação vai atender pessoas LGBTQIA+, com deficiência e aqueles que sofram crimes relacionados à raça, religião e etnia

A sede da entidade fica na Rua Padre Vieira, antiga Rua do Ouro, no Centro Histórico de Salvador. Os registros de crime poderão ser feitos normalmente em qualquer delegacia, mas a Coercid dará orientações e fará o acompanhamento dos casos.

A Coordenação funcionará de segunda a sexta-feira, das 8h às 18 horas. Além de acolher queixas e denúncias, a Coercid também contará com um psicólogo para auxiliar as vítimas.

A cerimônia de inauguração da Coercid foi realizada por autoridades da Polícia Civil e das Secretarias da Segurança Pública (SSP-BA), da Promoção da Igualdade Racial (Sepromi), além de representantes de outras forças de segurança, do Poder Judiciário e membros da sociedade civil organizada.

A Delegada-Geral Heloísa Campos de Brito destacou a importância da participação social.

A Coercid é um importante passo para a defesa dos direitos e da dignidade dos públicos vulnerabilizados. Precisamos, juntos com todos os cidadãos, construir um ambiente comum, de respeito mútuo e inclusão em nossa sociedade“, disse.

A Polícia Civil informou que os agentes têm recebido capacitações para promover escuta com respeito às orientações sexuais, aos elementos sagrados dentro da compreensão de religiosidade, hábitos, costumes, crenças e tradições da vítima, evitando situações de revitimização.

As informações são do G1 Bahia

ITABUNA: Homem preso injustamente em São Paulo é solto após ação da DPE

Foto: DPE-BA/Reprodução

Na quinta-feira, 17, o mecânico Rogério de Assis de Paula, de 47 anos, foi solto após ser condenado injustamente por supostos roubos cometidos em Itabuna, região sul do estado. No caso, o mecânico foi condenado a 12 anos de reclusão e estava preso desde dezembro de 2021 no estado de São Paulo. Ele foi libertado por conta de uma ação da Defensoria Pública da Bahia (DPE-BA), que comprovou a inocência do assistido, pois a pessoa que cometeu os crimes utilizou uma identidade falsa com os dados do assistido.

Eu estava chegando do serviço e fui parado pela ROTA, que pediu meus documentos e me falou que eu estava sendo procurado por um delito que tinha cometido lá na Bahia. E eu nunca tinha ido à Bahia”, conta Rogério. Ele foi preso no dia 13 de dezembro de 2021, no dia seguinte passou pela audiência de custódia e foi transferido para o Centro Provisório de Detenção de Santo André, estado de São Paulo, onde ficou até o início da noite do dia 16 de fevereiro de 2022.

O início dessa história começou em 2001, quando uma pessoa foi presa em flagrante e se apresentou com uma identidade falsa contendo os dados pessoais de Rogério no Presídio Regional Ariston Cardoso, em Ilhéus. Um mês após a prisão, o acusado fugiu, mas o processo seguiu o fluxo normal e resultou numa sentença de 12 anos de reclusão. 

20 anos depois, o verdadeiro Rogério foi preso em São Paulo para cumprir a sentença do crime que não cometeu. “Quando a família nos procurou, eles achavam que se tratava de homônimos (pessoas que possuem o mesmo nome), mas quando vi o caso percebi que se tratava da documentação dele”, conta a defensora pública Priscilla Renaldy, que atua no caso.

Frente à aparente contradição, a defensora pública passou a adotar as ações que poderiam ajudar na elucidação do fato. Nesse momento, o uso da prerrogativa de requisição foi fundamental para obtenção dos documentos que seriam capazes de provar que o homem que havia sido preso em 2001 não era o Rogério preso 20 anos depois. 

Eu requisitei do Presídio Regional Ariston Cardoso o prontuário da prisão ocorrida em 2001 e, quando recebi o documento que continha foto da pessoa detida naquele ano, percebi que ela era muito diferente das fotos enviadas pela família”, relata a defensora pública. No segundo momento, Priscilla usou o poder de requisição para obter da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo o histórico de bloqueios e espelhos dos documentos de identidade perdidos por Rogério.

FOTO DA COMPARAÇÃO FACIAL

Legenda: “Quando recebi o documento que continha foto da pessoa detida naquele ano, percebi que ela era muito diferente das fotos enviadas pela família

Em posse dos documentos oficiais, era preciso a realização de um perícia para comprovar cientificamente a falsa identidade. O especialista em perícia criminal e audiovisual Ricardo Caires, que, sensibilizado pela causa, aceitou emitir os laudos gratuitamente. “Na primeira análise, antes de decidir se eu iria atuar ou não, as inconsistências nos documentos demonstravam que existia algo errado”, conta o perito.

Seu trabalho envolveu a análise grafotécnica (verificação da autenticidade da escrita) e comparação facial das fotos presentes nos documentos oficiais obtidos pela Defensoria Pública. Ambos os lados atestaram que a pessoa detida em 2001 não se tratava de Rogério.

Tivemos a preocupação de pegar documentos de antes e depois do fato ocorrido e analisar pontos que não poderiam ser mudados, como o dorso nasal, formato do bigode, cor e formato dos olhos, características genéticas que individualizam as pessoas. A comparação facial demonstrou, com riqueza de elementos, que são pessoas distintas. A mesma conclusão foi obtida a partir do exame grafotécnico”, explica Caires.

Na atuação em defesa de Rogério, a Defensoria solicitou que fosse declarada a nulidade da execução penal e expedição imediata de alvará de soltura. Os pedidos foram deferidos na sentença proferida na terça-feira, 15 de março, em que o juiz da Vara de Execuções Penais de Itabuna reconhece que “há provas suficientes, até o momento, para obstar a prisão ilegal”.

O juiz determinou ainda que fossem realizadas diligências à delegacia de Itabuna a fim de verificar a existência de identificação criminal da época da prisão para confronto de identificações. A medida objetiva extinguir qualquer dúvida de que as pessoas que foram detidas em 2001 e 2021 são distintas.

Já em liberdade, junto a família, Rogério só pensa em recuperar o tempo de convívio que lhes foi tirado. “Foi um período muito sofrido, horrível. Eu nunca imaginei que pudesse passar por aquilo. E eu sofria mais por saber que era inocente. Quando eu saí, minha filha me levou para comer um pastel e foi a melhor coisa que eu comi na minha vida”, conta.

Agora a Defensoria vai  ajuizar pedido de revisão criminal e pedido de indenização. “Assim vamos garantir a nulidade da sentença que foi proferida erroneamente em nome do Rogério. O reconhecimento do erro judiciário também vai possibilitar o pedido de indenização devida por conta da prisão ilegal que se prolongou pelo período de três meses”, explica a defensora. 

As informações são da DPE-BA