Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil
O Supremo Tribunal Federal determinou a investigação de suspeitas de prática de genocídio e de outros tipos de crime contra o povo indígena Yanomami por parte do governo federal anterior. A ordem foi encaminhada à Procuradoria-Geral da República, ao Ministério Público Militar, ao Ministério da Justiça e Segurança Pública e à Superintendência da Polícia Federal em Roraima.
As apurações, determinadas pelo ministro Luís Roberto Barroso, ainda incluem crimes como quebra de segredo de Justiça, desobediência e delitos ambientais que ameaçam a saúde, a segurança e a vida de diversas comunidades indígenas.
O ministro também exigiu as medidas em um despacho relacionado a uma ação que tramita no STF em segredo de Justiça. Barroso determinou a remessa de documentos que, segundo o Supremo, “sugerem um quadro de absoluta insegurança dos povos indígenas envolvidos, bem como a ocorrência de ação ou omissão, parcial ou total, por parte de autoridades federais, agravando tal situação”.
Para o ministro do Supremo, diversas medidas podem ter comprometido operações de repressão a garimpeiros, como a divulgação, no Diário Oficial da União, de data e local de realização de operação sigilosa de intervenção em terra indígena.
As informações foram publicadas pelo ex-ministro da Justiça Anderson Torres, atualmente preso por suspeita de colaborar com os atos antidemocráticos de 8 de janeiro. A Coordenação de Operações de Fiscalização do Ibama também divulgou, conforme o magistrado, a data e o local da operação em e-mail destinado aos servidores do órgão.
Barroso também citou indícios de alteração do planejamento da Operação Jacareacanga, pela Força Aérea Brasileira. Segundo o ministro, o repasse de informações a garimpeiros comprometeu o sucesso da ação.
Quando a ação, apresentada pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil, Barroso determinou a expulsão de todos os garimpeiros das terras indígenas Yanomami, Karipuna, Uru-eu-wau-wau, Kayapó, Arariboia, Mundurucu e Trincheira Bacajá. No processo, a Apib questiona a falta de proteção a essas comunidades durante a pior fase da pandemia de covid-19.
Segundo a determinação, a retirada deverá começar pelas áreas em situação mais grave. O ministro também questionou a eficácia da estratégia de asfixiar o fornecimento de materiais aos garimpos. “A estratégia anteriormente adotada, de ‘sufocamento’ da logística de tais garimpos, não produziu efeitos, se é que foi implementada”, escreveu o ministro.
Barroso determinou que a PGR seja informada do conteúdo integral do processo, para a apuração de eventual crime de desobediência pelas autoridades envolvidas e deu 30 dias para que a União apresente um diagnóstico da situação das comunidades indígenas e elabore um cronograma de execução das ações não cumpridas.
As informações são da Agência Brasil