Foto: Arquivo Pessoal
Por Gabriela Pita
A mulher maravilha, heroína dos quadrinhos, que desde a minha infância povoa a minha imaginação, para mim sempre foi a mulher perfeita, forte, inabalável, incapaz de sentir dor, fraquejar, chorar, e sempre sonhei em ser essa mulher.
Recentemente, me deparei com uma foto da personagem mulher maravilha, com aspecto de muito cansaço e dor, retirando a sua “roupa”, e por baixo estava uma mulher ferida, repleta de hematomas e curativos. Ao me deter naquela foto passei alguns segundos refletindo e constatei emocionada e impactada o quanto aquela foto me representava, havia me tornado a “mulher maravilha” do mundo moderno, a mulher que a sociedade idealiza, que o feminismo abraça, uma mulher poderosa, independente, decidida, forte, inteligente, a mulher “perfeita”!
Sempre me inspirei em mulheres maravilhas, empoderadas, de diversos tipos, e hoje vejo mulheres se inspirando em mim, mas qual o “preço” que eu e muitas mulheres pagaram e pagam para chegar até aqui, para se tornar e continuar sendo a “mulher maravilha” (interrogação).
O que muitas pessoas não sabem é que de fato, debaixo da roupa da “mulher maravilha” existe uma mulher de carne e osso, e por isso, imperfeita, cansada, e nós não podemos nos sentirmos inferiores ou menores por isso.
Há a necessidade de aprovação constante em todas as áreas de nossas vidas, precisamos estar sempre lindas, bem sucedidas, afetivamente resolvidas, sermos mães perfeitas, donas de casa, as melhores em tudo sempre, uma cobrança constante e dolorosa.
A verdade que não é transmitida é que a mulher moderna está cansada. Cansada da “necessidade” de ser tanta coisa ao mesmo tempo, da futilidade da sociedade, do quanto as pessoas fingem que são felizes e do quanto ela tem que aguentar para manter a postura da “mulher maravilha”.
Nossa, quantas guerras e batalhas a serem travadas e vencidas, mas nem sempre vencidas e, precisamos saber que ainda assim está tudo bem! Talvez ao final tudo não saia conforme almejamos, mas aceitar e confessar a fraqueza em nada abala a nossa maravilhosidade!
O principal é que sejamos mulheres de verdade, com vontade de construir uma história de verdade, pois “mulheres maravilhas” são reais, não perfeitas, e que maravilha é quando percebemos isso!
Gabriela Pita
Advogada e presidente da OAB – Subseção de Senhor do Bonfim